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Quem é DJ Ivis, paraibano astro da pisadinha que eletrizou o forró e assustou o sertanejo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — Quando começou na música, há cerca de 15 anos, Ivis não comandava picapes. Na verdade, tocava teclado. Mesmo assim, recebeu o apelido de DJ. “Nessa época, eu era tão doido que tocava com quatro, cinco teclados.

Por mais que eu nem usasse todos, mas estava lá. Sempre gostava de fazer algo diferente”, ele diz.

Produtor, cantor, compositor e, claro, tecladista, Ivis hoje atende se você o chamar só de DJ. Seu carimbo — um tipo de identificação no meio das músicas — não traz um nome, e diz só que “é mais uma do DJ”.

Ivis certamente não é o único, mas não há dúvidas de que se tornou o DJ mais bem-sucedido do forró e do subgênero da pisadinha, sendo peça fundamental no processo de eletrificação do ritmo nordestino.

Também empilha hits, próprios ou na voz de outros cantores. Atualmente, tem quatro entre as 50 músicas mais tocadas do Spotify no Brasil —”Volta Bebê, Volta Neném”, com o DJ Guuga, “Não Pode se Apaixonar”, com Xand Avião e MC Danny, “Esquema Preferido”, com Tarcísio do Acordeon, “Volta Comigo BB” e “Cadê o Amor”, ambas com Zé Vaqueiro, com quem também divide o sucesso “Letícia”.

Na plataforma de streaming, atualmente, tem quase 8 milhões de ouvintes mensais, à frente de Gusttavo Lima e Marília Mendonça, por exemplo. Isso sem contar os hits que ele emplacou nos últimos meses, como “Basta Você Me Ligar”, com os Barões da Pisadinha, e “Cidade Inteira”, com Eric Land, além de músicas com Raí Saia Rodada e Naiara Azevedo, entre muitos outros.

Mas apesar do sucesso recente, a caminhada de Ivis é antiga. Ao longo da última década, ele foi de tecladista irrequieto a produtor inovador e super-DJ de um ritmo que historicamente tem mais intimidade com os instrumentistas.

Paraibano, Ivis largou a escola comum e a escola de música na adolescência e começou a tocar com bandas de bairro. Tocava swingueira, como é chamado o pagodão baiano e seus derivados em alguns lugares do Nordeste.

“Quando fui para esse lado musical de tocar forró, me convidaram e eu tinha dito que não, porque para um tecladista que tocava swingueira, a gente fazia muita zoada. Numa banda de forró, o cara fazia uma harmonização, um pianozinho. Falei ‘quero nada’.”

Só aceitou entrar num grupo de forró quando pudesse “fazer o que fazia na swingueira”. “Pedi para comprar um computador e uma controladora, porque na época não tinha essas coisas. Meu irmão, comecei a fazer mais zoada ainda e a usar sample. Falavam que meu teclado era de videogame.”

Nas casas de show de João Pessoa, era comum ver Ivis soltando samples de vozes engraçadinhas, como o meme “Ronaldo”, famoso na época com o programa Pânico.

“A galera olhava e pensava ‘porra, esse cara é muito doido’. De repente, começaram a ficar na frente do palco, pedindo ‘Ronaldo’. Eu ia lá e [soltava o sample] ‘Ronaldo’.”

Mas a grande virada de sua carreira veio há cerca de dez anos, quando decidiu que seria compositor. Começou a usar o Twitter para oferecer suas músicas a cantores famosos. Quando conseguiu emplacar duas delas, o que chamou atenção do cantor Romim Mata, na verdade, foi sua habilidade como produtor.

“Não tinha dinheiro para mandar alguém produzir, contratar arranjador. Eu mesmo produzi, gravei com a minha voz. Ficou uma merda, mas ele perguntou quem estava produzindo, quem tinha feito o arranjo.”

Mata integrava a banda Forró Estourado, que no começo da década passada já tinha uma proposta que hoje se tornou quase regra — fazer música para os sons automotivos e paredões do som. “Galera que curte um #eletronico #estourado, estou começando a produzir algumas músicas. Prepara logo teu paredão”, Ivis chegou a tuitar.

O “teclado de videogame” havia encontrado um terreno fértil para se expressar, mas a ascensão veio com “Seresta de Luxo”, seu primeiro disco solo, de 2015, um protótipo da estética que firmou anos depois. As músicas estouraram em Alagoas, e ele recebeu dois convites para integrar o Aviões do Forró, uma das grandes bandas nordestinas deste século.