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Carta de Temer revela fisiologismo puro, avalia Cássio Cunha Lima, líder do PSDB

O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), classificou como “demonstração de fisiologismo puro” o conteúdo e a repercussão da carta elaborada pelo vice-presidente da República, Michel Temer, entregue na noite da segunda (7) à presidente Dilma Rousseff.

“O que mais me surpreende é que a carta não traz qualquer menção aos atuais problemas enfrentados pelo país. Ela trata apenas de uma questão menor, da relação pessoal do vice com a presidente, com uma demonstração de fisiologismo puro na briga por cargos no governo”, disse. “Assim, o Brasil e a República ficam em segundo plano”, completou.

Para o tucano, o que se seguiu após a divulgação da carta, com a reação do Palácio do Planalto e de correligionários, forma um “bom resumo do que se transformou o Brasil”. “Fica o PMDB brigando por cargos e o Brasil onde fica? Isso tudo reflete bem as consequências com que o governo tem que lidar agora fruto do seu desgoverno nesses 13 anos”, disse.

Para o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), a carta de Temer “é uma clara declaração a favor do impeachment de Dilma”. Para ele, o vice-presidente apresentou suas posições “sem rodeios” em que expôs a incapacidade administrativa do governo e a falta de apoio político. “Dilma perdeu todas as condições de continuar”, disse.

Apesar da avaliação, Caiado afirmou que o DEM só irá discutir apoios a eventuais nomes que possam vir a assumir a presidência “depois que o impeachment for sacramentado”. “Depois será uma nova etapa, onde vamos optar por um projeto que recoloque o país nos trilhos e arrume a bagunça e o estrago da era PT”, disse.

A CARTA

No documento, enviado à presidente em caráter pessoal e privado, Temer diz que sempre teve “ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB”. Ele diz que passou os primeiros quatros anos de governo como “vice decorativo”.

O vice começa a carta dizendo que a palavra voa, mas o escrito fica. Por isso, diz, preferiu escrever. Avisa então que está fazendo um “desabafo” que deveria ter feito “há muito tempo”. Na avaliação de amigos do vice, a carta realmente representa o rompimento com a presidente Dilma, apesar de o peemedebista não querer dar esta conotação ao documento.

Temer demonstra profundo incômodo com declarações e ações de Dilma, de seu governo e de seus aliados sobre a “confiança” que devotam a ele. “Desde logo lhe digo que não é preciso alardear publicamente a necessidade da minha lealdade”, escreve. “Tenho-a revelado ao longo destes cinco anos.”

“Entretanto, sempre tive ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB. Desconfiança incompatível com o que fizemos para manter o apoio pessoal e partidário ao seu governo”, sustenta Temer.

Folha Online