Desde essa terça-feira (1º) que os consumidores paraibanos têm um pouco mais de facilidade para implantar sistemas de geração de energia solar nas casas, prédios comerciais e edifícios. Isso ocorre por conta de uma modificação feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em uma resolução que desburocratiza a liberação desses sistemas. Com isso, os consumidores vão poder distribuir a energia gerada para as concessionárias e poderão zerar as contas de energia. Clique aqui e simule quanto você gastaria para implantar o sistema na sua casa. Há um caso em que um consumidor teria reduzido o valor da conta de luz de R$ 1,4 mil para R$ 278, na Paraíba. Apesar disso, os custos para instalação do sistema de energia solar ainda são altos.
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Para que seja implantado o sistema, a geração e distribuição de energia elétrica através da solar, é necessário passar por elaboração e execução de projeto; aprovação feita pelas concessionárias de energia elétrica; instalação do sistema e troca do relógio medidor de consumo.
Segundo Hewerton Martins, especialista em energia solar, para poder gerar energia, os consumidores precisam utilizar equipamentos como os painéis fotovoltaicos, que captam a energia do sol e, junto com outros equipamentos, transformam essa energia em energia elétrica, que é devolvida à rede das concessionárias.
De acordo com Hewerton Martins, após a instalação do equipamento, um novo relógio medidor vai registrar quanto de energia o consumidor gerou e repassou para a concessionária. Quanto mais energia distribuída, mais créditos o consumidor ganha na conta seguinte.
“O modelo de geração de energia elétrica distribuída adotada no Brasil é chamado de compensação de créditos, quando a quantidade de energia gerada em determinado mês for superior à energia consumida naquele período, o consumidor fica com créditos que podem ser compensados para diminuir a conta de luz. Os consumidores também poderão transferir percentuais de créditos de energia para compensar em outras unidades consumidoras com CPF ou CNPJ diferentes, bastando comprovar o vínculo entre os integrantes. O tempo de validade dos créditos é de até 60 meses”, contou o especialista.
Conta pode vir ‘zerada’
De acordo com a Energisa, o desconto na conta de energia vai depender da quantidade de eletricidade gerada e repassada pelos consumidores. Caso o consumidor gere e consuma os mesmos quilowatts-hora por mês (kWh/mês), ele não paga consumo elétrico.
“Se em um mês o cliente consumiu 100 kW e gerou 50 kW, então ele vai ter um desconto de 50 kW na conta do mês seguinte. Se no segundo mês ele voltar a consumir e gerar a mesma quantidade anterior, vai ter a conta zerada de consumo no terceiro mês. Na fatura vão estar apenas impostos. Com o uso do sistema e tendo créditos que abatam o consumo total, o consumidor não deixa de pagar a fatura com impostos, mas não paga nada pelo consumo da energia”, contou a assessoria de comunicação da Energisa.
Ainda segundo a Energisa, a empresa já possui clientes na Paraíba que utilizam o sistema de geração e distribuição de eletricidade através da energia solar e vê a possibilidade como uma alternativa de consumo limpo.
“O crédito de desconto vai depender sempre do consumo e da geração. A Energisa vê a situação como uma forma alternativa de geração, já que temos um modelo baseado nas hidrelétricas. Resta ao consumidor avaliar a melhor opção. Estamos preparados para receber essa demanda dos consumidores paraibanos”, contou a Energisa.
PB tem 10 empresas que vendem equipamentos
Na Paraíba, segundo o Portal Solar, especializado em energia solar, dez empresas realizam os serviços de venda e instalação de equipamentos voltados para a geração da energia solar. Dessas empresas, sete estão na Grande João Pessoa.
De acordo com o empresário Raoni Pinheiro, proprietário da empresa EcoSolar Energias Renováveis, nos últimos dois anos, a procura de clientes interessados em instalar o sistema de geração de eletricidade solar aumentou cerca de 40%.
Entre os fatores apontados por ele para esse aumento na procura por energia renovável estão os últimos reajustes nas contas de energia e a preocupação cada vez maior pela sustentabilidade do planeta. Segundo Raoni, os custos de instalação de um sistema de geração de energia variam de acordo com a necessidade do consumidor, mas podem chegar aos R$ 70 mil.
“O sistema ainda é caro, depende da necessidade do cliente e de quanto ele precisa gerar para suprir as necessidades. No total, são custos com projeto executivo, que deve ser feito por um especialista e vai ser analisado pela Energisa; com a compra dos equipamentos; a instalação e a manutenção. Um sistema básico, que gera 180 kWh por mês, e é o menor sistema no mercado brasileiro, sai por volta dos R$ 15 mil, mas temos sistemas que chegam a custar R$ 70 mil. Tudo varia de acordo com a necessidade e o retorno financeiro para o cliente vem dentro de cinco anos”, contou Raoni.
Ainda segundo Raoni, os painéis fotovoltaicos são instalados no telhado dos imóveis para facilitar a incidência solar e uma melhor absorção da energia. A instalação de todo o equipamento dura entre cinco e dez dias, mas para conseguir utilizar o sistema, o consumidor pode enfrentar um prazo que chega a 45 dias.
“Somados o tempo de conclusão do projeto executivo, aprovação do projeto pela Energisa, a instalação e a inspeção de aprovação de todo o sistema por parte da Energisa, o cliente aguarda cerca de 45 dias para iniciar a geração de eletricidade. A partir daí, o prazo para que o cliente obtenha retorno financeiro e deixe de gastar com energia em casa fica entre cinco e seis anos. Em Catolé do Rocha [no Sertão da Paraíba] temos um cliente que pagava R$ 1,4 mil de energia e, dentro de dois meses, o gasto com a fatura caiu para R$ 278”, falou Raoni.
Porém, uma das queixas, tanto de consumidores quanto de empresários, é a falta de créditos específicos para o financiamento dos sistemas de geração de energia através da energia solar. Para Raoni, o alto custo do sistema pode assustar os interessados.
“A única barreira que enfrentamos, tanto o consumidor como o empresário, é a questão do financiamento. Como o investimento é um pouco alto, 90% dos clientes buscam financiamento bancário para implantar o sistema, mas não existe uma linha de crédito específica para a área. Junta-se isso à tributação elevada do Brasil. Então, um sistema que pode contribuir muito para o bolso do consumidor e para o meio ambiente acaba esbarrando no financiamento”, concluiu Raoni.
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