O Banco Central do Brasil (BC) está trabalhando para que o sistema de pagamentos Pix, lançado pela entidade em 2020, possa oferecer funções de cartão de crédito e até interação com o real digital, batizado de Drex pelo BC, em breve.
“Olhamos para uma parte internacional, para a parte dos pagamentos programáveis. O Pix vai tomando uma função que, atualmente, é do cartão de crédito”, salientou o executivo.
Desde que foi lançado, o Pix se tornou a principal forma de pagamentos e transferências entre os brasileiros por simplificar a movimentação financeira entre clientes e empresas. A popularidade do recurso ficou tão relevante que até o Tesouro Nacional passou a pagar servidores nacionais via Pix em 2022.
Vale ressaltar que os usuários já podem realizar a programação de pagamentos via Pix. No entanto, até o momento só é possível escolher o dia para a transação, mas não o horário em que será feita.
Quanto ao Drex, o presidente do BC, Campos Neto, explicou que a interação entre o Pix e o real digital “devem acontecer em algum momento”, garantiu.
“Ao sinalizar a possibilidade de assumir funções tradicionalmente desempenhadas pelos cartões de crédito e ao se preparar para uma sinergia com o Drex, a moeda digital do Banco Central, o Pix não apenas redefine os contornos das transações financeiras, mas também antecipa o futuro dos pagamentos: instantâneo, digital e, sobretudo, integrado”, comenta o especialista em tecnologias financeiras e CEO da Arariwe, empresa de soluções digitais, Rafael Pires.
Pires lembra, ainda, que as funcionalidades comentadas ainda estão em fase embrionária e que é preciso aguardar sinalizações do BC para entender como ocorrerá o funcionamento das novas ferramentas. Até lá, diz, muitas novidades ainda podem ser anunciadas pelo BC.
“A ascensão do Pix é um exemplo emblemático da transformação digital. É natural que essa tecnologia evolua para outras frentes”, complementa.
A ascensão do Pix é representada pelos números do sistema de pagamentos. Em setembro, por exemplo, no dia 6 daquele mês, o BC registrou 152,7 milhões de transferências instantâneas. A marca superou o recorde anterior, registrado no dia 4 de agosto, de 142,4 milhões de transações.
No mesmo dia em que bateu recorde, o Pix registrou a movimentação de mais de R$ 76,1 bilhões. O valor médio por transação ficou em R$ 498,42. Ainda de acordo com o BC, o Brasil tem atualmente 650,7 milhões de chaves Pix. São 153 milhões de usuários cadastrados, sendo 92% pessoas físicas residentes no país. De cada 100 transações, 60 são feitas por pessoas de 20 a 39 anos.