Quase 65 milhões de brasileiros estavam com o nome sujo em serviços de proteção ao crédito em outubro. Número é recorde
Quatro em cada dez brasileiros adultos (40,05%) estavam negativados em outubro, o equivalente a 64,87 milhões de pessoas. Segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), este é o novo recorde da série histórica da pesquisa, realizada há oito anos.
O crescimento do indicador anual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 91 dias a um ano. O número de devedores com participação mais expressiva no Brasil em outubro está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,92%): são 16,07 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores nesta faixa.
Brandão disse que sua renda neste fim de ano terá um destino diferente. “Certamente, não será destinada ao lazer, pois tenho algumas pendências ainda, como o pagamento de uma dívida protestada em cartório — fui acionado porque os recursos acabaram na época”, concluiu.
A dona de casa Adriana Faria, 42 anos, ficou com as contas de casa comprometidas depois da separação de marido. “Eu me separei há pouco tempo, ainda não me divorciei, e meu ex-marido ainda paga minhas despesas. Só que ele tem passado por dificuldades financeiras e, com isso, eu também. Pago aluguel, tive que me mudar para um apartamento mais barato e estou inadimplente com duas contas de luz do local em que morava antes, além da fatura do cartão de crédito”, disse.
Priorizar contas
O pagamento do 13º salário, segundo a especialista em finanças da CNDL Merula Borges, deve trazer alívio aos devedores, como uma oportunidade de quitar seus débitos. “O momento é de priorizar as contas e não esquecer dos pagamentos extras do início do ano. As datas comemorativas podem ser uma tentação, mas é importante resistir às compras por impulso para manter o orçamento e fechar o ano sem dívidas”, afirmou.
O especialista em finanças e diretor financeiro da plataforma de pagamento Bagy, Tiago Amaral, destacou a importância de usar a renda extra de fim de ano com muita responsabilidade, priorizando o pagamento de dívidas. “Temos muitas festividades neste fim de ano, como Copa do Mundo, Natal, e a Black Friday. De certa forma, ainda temos uma demanda reprimida da pandemia junto ao desejo de consumir. Mas o princípio básico é não gastar mais do que você ganha e tentar quitar parcelas”, destacou.
Diante do cenário econômico, a expectativa é de que a inadimplência se mantenha alta nos próximos meses, conforme alertou o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior. “Até agora o consumo foi garantido pelo ímpeto do pós-pandemia e por estímulos fiscais, mas esse ritmo deve enfraquecer”, afirmou.