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Forças Armadas não são imunes à corrupção, apontam sites e revistas políticas

Sempre que o caos se instala na Cidade, para usar um termo caro à filosofia, a população busca a solução na voz de um líder messiânico. Ou então, numa postura mais radical, defende o aquartelamento da democracia e a proteção das Forças Armadas. A justificativa simplista é de que no Exército, em função do rigor de suas regras, não tem corrupção e seus integrantes são mais honestos e atuam apenas com o objetivo de garantir a ordem e a segurança da Nação.

Seria bom se fosse assim, se tivesse alguma instituição imune à corrupção, mas não é. Afinal, a corrupção é algo inerente ao ser humano, independente de profissão ou posto que ele ocupe na sociedade. Quem duvida, basta pesquisar na Internet em matérias divulgadas no final da semana passada. Há informações como essas: “MPM e TCU denunciam corrupção nas Forças Armadas no valor de mais de R$ 30 milhões” ou “Há 255 processos por peculato e 60 por corrupção ativa contra oficiais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica”.

Segundo relatos da revista Época, um dos casos de corrupção envolve os coronéis Exército Odilson Riquelme e Francisco Monteiro. O Ministério Público Militar descobriu que dois cheques, “no valor total de R$ 37.373” (representando 10% dos contratos), foram depositados na conta-corrente do coronel Riquelme “entre maio de 2009 e março de 2010”. “Os depósitos” — feitos pela empresa Sequipe, prestadora de serviços de quimioterapia ao Hospital Militar de Área de Recife (HMAR) — se repetiram” noutros meses. Os contratos estavam sob a responsabilidade de Riquelme. O Ministério Público apurou que “o dinheiro — 205 mil reais no total — havia sido pedido à empresa pelo então diretor do HMAR, coronel Francisco Monteiro. Este contrapôs que eram “‘doações’ para o hospital”. O Ministério Público descobriu, porém, que o dinheiro foi depositado “em contas dos militares e de pessoas ligadas a eles, não no caixa do hospital”.

Já inquérito do Ministério Público Militar investigou irregularidades supostamente cometidas pela gestão do coronel médico Theophilo José da Costa Neto na direção do Hospital de Guarnição de Natal. Mesmo sob investigação, o médico foi nomeado para dirigir o Hospital Militar de Área de Porto Alegre. “O MPM denunciou o caso de Natal em julho de 2016. Theophilo, dois militares e dois civis foram acusados de participar de fraudes em licitação e superfaturamento de contratos da empresa Tratorlink, com prejuízo estimado em 975 mil reais. Em 2011, o Hospital de Guarnição de Natal lançou um pregão eletrônico para contratar empresa especializada em ‘serviço de manutenção e conservação de bens imóveis’. Só duas empresas concorreram com preços semelhantes, e a Tratorlink venceu. Segundo a investigação, o valor do contrato, de 1,1 milhão de reais, estava superfaturado.”

As notícias acima transcritas não significam, claro, que as Forças Armadas são corruptas. Mas que tais instituições, assim como todas as demais existentes no mundo, são comandadas por homens que podem corromper ou serem corrompidos.

Linaldo Guedes