Presidente demora mais de 44 horas para reconhecer, implicitamente, a vitória de Lula, menciona indignação com o processo eleitoral, mas promete obedecer a Constituição. Chefe do Executivo abre caminho para a transição de governo
Após mais de 44 horas do fim das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) quebrou o silêncio sobre o resultado das urnas, que apontou a derrota dele para o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Pressionado por aliados, o chefe do Executivo não admitiu explicitamente a vitória do adversário, mas autorizou o início da transição de governo.
Ao lado de ministros, no Palácio da Alvorada, e em discurso de pouco mais de dois minutos, Bolsonaro agradeceu pelos mais de 58 milhões de votos que recebeu no segundo turno e prometeu obedecer a Constituição.
O presidente reprovou os bloqueios nas estradas promovidos por caminhoneiros que protestam contra o resultado das eleições. Aproveitou, também, para criticar o sistema eleitoral.
“Os atuais movimentos populares são frutos de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”, enfatizou. “As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasões de propriedade, destruição de patrimônio, cerceamento do direito de ir e vir. A direita surgiu de verdade em nosso país.”
Bolsonaro também ressaltou a bancada eleita para o Congresso e aliados que ganharam o pleito pelo país. “Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade. Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso”, destacou.
O chefe do Executivo também reclamou das críticas de que foi alvo nestes anos de mandato. “Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra. Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário de meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição”, garantiu. “Nunca falei que ia controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição.”
Ele ainda se colocou como principal expoente da direita no Brasil. “É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade de religião, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde a amarela da nossa bandeira”, finalizou.
Depois do pronunciamento do presidente, ficou a cargo do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), confirmar que o presidente havia autorizado a transição de governo.